Fala pessoal, como vão vocês? Outubro acabou e Novembro começou, sei que comparado a enorme quantidade de temas que eu projetava pro mês passado não fui capaz de fazer nem a metade, porem isso não é motivo de tristeza, afinal eu consegui a proeza de bater recordes de ''audiência'' nesse mês que passou que eu jamais consegui nos messes anteriores, fico grato a vocês leitores assíduos por isso e agradeço mais ainda aos que me dão apoio ou comentam em meus artigos, por isso mantenho a cabeça firme rumo a grandeza sem olhar para trás e lembrando com carinho de cada um de vocês.
Sei que o paragrafo anterior ficou ''meloso demais'', mas é porque hoje decidi assistir alguma obra que fizesse tema para o Dia de Finados que se comemora hoje/ontem e que melhor obra para ser analisada do que ''Coco'' (Popularmente conhecido como Viva - A Vida é uma Festa).
Baseado nisso, é sobre esse tema que irei falar hoje, apreciem a leitura.
AVISO: Esse artigo contém SPOILERS, assistam/baixem o filme AQUI.
Coco (Viva - A Vida é uma Festa aqui no Brasil) é um filme animado de aventura e drama musical produzido por Lee Unkrich e Adrian Molina (Diretor & Co-Diretor respectivamente) pela Pixar e distribuído pela Disney em 20 de Outubro de 2017.
Lee Unkrich (1967-) é um diretor e editor norte-americano. Nascido em Ohio, na cidade de Cleveland; Lee Unkrich tinha o desejo de trabalhar com o cinema e por conta disso decidiu estudar na academia de artes cinemáticas da University of Southern California. Uma vez formado, ele começou a trabalhar como editor de programas de tv até conseguir um trabalho na Pixar, onde acabou se destacando pela participação na produção de diversos filmes como Procurando Nemo, Monstros S.A, A trilogia Toy Story (onde ele dirigiu o 3º filme) entre outros.
Adrian Molina (1985-) é um roteirista, animador e ilustrador de Storyboard nascido em Yuba City, Califórnia nos Estados Unidos. Adrian Molina fez faculdade na California Institute of the Arts (uma universidade inaugurada pelo próprio Walt Disney na década de 60) em 2007 e logo depois ingressou na Pixar onde trabalhou inicialmente na produção de Ratatouille e futuramente em Toy Story e Universidade dos Monstros, mas foi com a produção de ''O Bom Dinossauro'' que ele ganhou holofotes e pode ser ''promovido'' a Co-Diretor, tendo como primeira obra a produzir nesse cargo, Coco (Viva - A Vida é uma Festa), uma obra que ele quem ofereceu a ideia.
Sinopsia:
Miguel Rivera é um garoto de 12 anos que sonha em ser músico, o problema? a muitos anos atrás, sua tataravó baniu da família toda e qualquer forma de música como forma de protesto pelo seu marido ter seguido o sonho de ser músico e deixado a esposa e a filha sozinhas. Os anos se passaram e a família Rivera criou um negócio como sapateiros e queriam passar esse legado para Miguel, mas Miguel estava encantado com a música e buscava inspiração em Ernesto de la Cruz, um grande músico em sua época e um dos grandes heróis de Santa Cecilia (cidade onde se passa o filme).
Após uma discussão feia com sua família pelos seus sonhos de carreira na véspera do Dia de los Muertos, Miguel decide pegar o violão que estava no mausoléu de Ernesto de la Cruz para usar em um show de talentos, é quando o garoto acaba sendo levado para o mundo dos mortos ao lado de Dante, um cachorro vira-lata que ele escondia da família. Miguel acaba se encontrando com seus parentes mortos e busca a benção deles para voltar ao mundo dos vivos antes que seja tarde demais, ao mesmo tempo que ele busca encontrar com seu ídolo Ernesto, da qual o garoto acredita ser seu tataraneto.
Personagens:
- Miguel Rivera: Miguel é um garoto de 12 anos que tem o sonho de ser um musico famoso, inspirado pelo seu ídolo Ernesto de la Cruz, o jovem rapaz aprende a tocar violão as escondidas de sua família. Miguel é um garoto sonhador porem que não queria confrontar sua família para conquistar aquilo que queria. Levado pelas emoções e por uma série de eventos, Miguel acaba parando na terra dos mortos onde encontra com outros parentes e acaba descobrindo mais sobre sua história e sobre a paixão pela música.
- Elena Rivera (Abuelita): Elena é a avô de Miguel, uma mulher ríspida e que tenta por juízo na cabeça de seu neto. Embora seja uma mulher um tanto ignorante pela forma como trata músicos e como age diante as confissões do neto sobre sua carreira, Elena é uma personagem trágica pois teve que lidar com a responsabilidades de cuidar de sua família incluindo sua mãe já debilitada, Mamá Coco (Ines no Brasil). Apesar disso tudo, ela ainda é uma mulher materna e que se preocupa com seus familiares.
- Mamá Coco/Ines: Bisavó de Miguel; Ines é uma senhora idosa que sofre com os sintomas do Alzheimer que eventualmente chama pelo seu pai, um homem da qual ela ainda tem muito afeto, porem que é odiado e esquecido por todos os outros familiares. Mamá Ines seria a personagem central da história devido a forma como a narrativa vai seguindo.
- Imelda Rivera: Imelda é a mãe da Mamá Ines e foi casada com um músico aspirante que sumiu sem dar noticias e a deixou sozinha com uma criança de colo para cuidar. Imelda em personalidade lembra muito a Elena. Imelda foi parceira de seu marido nos shows que eles faziam juntos, mas quando a Ines nasceu, Elena adquiriu um grande senso materno e estabeleceu prioridades, algo que a fez se afastar de seu marido pouco a pouco por conta dele não ter deixado seu sonho de lado.
- Héctor: Héctor é um alivio cômico atrapalhado e galanteador. Héctor é um indigente - Ele é uma pessoa morta que não é lembrada pelas pessoas vivas e por conta disso ''vive'' marginalizado na zona ferrada do mundo dos mortos (similar a uma favela ou algo do tipo). Héctor na verdade foi o marido de Imelda e tataravô de Miguel; embora tenha sido ensinado pela família Rivera que o cara era um desprezível que abandonou a família, a história de verdade não foi essa: Héctor era parceiro de música de Ernesto de la Cruz e viajava com ele na época em que os dois não eram famosos, mas a saudade bateu e ele quis voltar para casa, mas foi impedido por Ernesto que o matou envenenado para roubar suas músicas e assim ganhar fama.
- Ernesto de la Cruz: Ernesto é conhecido como um grande astro da cidade de Santa Cecilia: era galã, dono de um talento musical incomparável e de músicas românticas cativantes (roubadas de seu parceiro assassinado) e que morreu em um trágico acidente envolvendo um sino. Ernesto ganhou tanta fama que isso subiu a sua cabeça e se tornou famoso até mesmo na morte, onde ficou rodeado de gente importante já falecida e que o premiava e inflava seu ego enquanto assistiam suas performasses nos filmes que Ernesto fazia. É um sujeito egoísta e insano que faz tudo pelos seus objetivos, não vendo problemas em tentar matar uma criança para não manchar sua reputação.
Dentre outros
Universo da Obra:
Sendo o 19º filme da Pixar, a proposta de Viva - A Vida é uma Festa é contar uma história baseada no México, tendo como plano de fundo O Dia de los Muertos e tendo como tema principal a importância da família e das recordações.
A produção do longa animado se iniciou lá por 2012 onde a Pixar decidiu fazer que nem a Disney quando foram buscar material na produção de Moana; foram fazer um ''intercambio'' no México para aprender mais sobre sua cultura, crenças e costumes, principalmente aqueles que estavam vinculados ao Dia de los Muertos, como as cerimonias aos que já morreram e as decorações com caveiras.
O resultado de toda essa pesquisa foi um filme de ''qualidade Pixar'' que consegue ser divertido, comovente e capaz de transmitir um tema pesado como a morte de maneira leve para um publico geral.
A história acompanha Miguel, um garoto que possui diversas incertezas, mas que sabe que quer se tornar músico, uma das coisas que ele faz para ir atrás desse sonho é negar a sua família (eu disse lá em cima que a discussão foi feia?) e invadir o mausoléu de Ernesto pois era o único lugar próximo onde ele poderia arrumar um violão para poder tocar em um show de talentos. Miguel acaba fazendo um juramento em meio a folhas ditas sagradas por fazer elo com o mundo espiritual e resulta no menino indo parar no mundo dos mortos onde ele decide ir em busca de respostas e tem que encarar novamente a sua família, dessa vez, os mortos.
Ao ''invadir'' o mundo dos mortos, ele tinha uma opção imediata de retornar ao mundo dos vivos desde que ele conseguisse a benção de algum parente, mas todos eles sempre atribuíam como condição de retorno que o garoto abandonasse a música. Irritado e frustrado, o garoto foge adentrando a cidade dos mortos, onde acaba topando com um moribundo chamado Héctor que diz conhecer Ernesto e que estaria disposto a ajudar o garoto se ele em troca colocasse a sua foto no memorial de sua família.
Aos poucos, a dupla vai criando um vinculo que vai se desenvolvendo no decorrer da história até chegar na revelação em que eles seriam tataraneto e tataravô, separados por gerações e por intrigas familiares não resolvidas.
Miguel em sua jornada pelo seu maior ídolo acaba amadurecendo, quebra a cara no que inicialmente parece ser um fantástico mundo onde os mortos habitam, mas acaba presenciando a ''morte'' de um deles que é resultado de quando ninguém em vida se lembra de você; uma cena um tanto pesada (principalmente para quem já assistiu Vingadores - Guerra Infinita).
Acompanhamos então a jornada pessoal de Miguel em busca de seu suposto tataravô em busca de conforto e afirmação quanto ao que fazer de sua vida e de seu verdadeiro tataravô que apenas busca redenção e reconciliação com a sua família.
Uma antiga foto da primeira geração dos Rivera, essa mesma foto presente no filme tem o rosto de Héctor rasgado para que ele não seja lembrado, diante do tão imperdoável que é para essa família o ''abandono'' - tema também recorrente da obra.
Toda história tem dois lados, e a do Héctor ficou sem ser ouvida por muito tempo, o que gerou um bando de alienados com um ódio anormal e obsessivo pela música, logo no México, o que faz ser ainda mais chamativo uma vez que é um dos primeiros lugares que a gente pensa quando falamos em ''música'' (Quem não pensa em mariachis quando ouve falar do México?).
A história do filme carrega diversas mensagens ao telespectador, como a necessidade de perdoar, recordar das pessoas que morreram, pois por mais que tenham partido, elas sempre estarão conosco dentro de nossos corações e principalmente sobre a família, por mais conflitante que possa parecer, é com sua família onde você encontrara apoio para seguir seus sonhos e alcançar seus objetivos.
O filme traz consigo uma bonita lição amarrada a uma história de umas 1 hora e 45 minutos de duração que conta com reviravoltas e cenas incríveis, cenários belíssimos cheios de cores e detalhes, algo bastante chamativo e curioso pois foram mais usados esses elementos com os mortos (que normalmente são atribuídos a figuras tristes e ''sem-cor'') ao invés dos vivos.
A família morta de Miguel
A justificativa dos mortos serem tão expressivos e alegres é por conta do Dia de los Muertos, a data comemorada no México que seria um dia onde os dois mundos se fundem e os espíritos podem apreciar os gestos de carinho de seus familiares enquanto recebem as oferendas...Mas o filme embora não tenha se aprofundado tanto (usou isso mais como trampolim para falar sobre o tema de mortos) mostra que nem todos que partiram dessa para melhor são felizes; pessoas que não tem entes queridos vivos lembrando deles são deixados a sarjeta onde vivem isolados e marginalizados já que a foto de recordação dos mortos é usada como uma espécie de passaporte, e sem ela eles estão limitados a lugares infelizes e não podem ir para o mundo dos vivos para estar ao lado de suas famílias.
Por viverem isolados e sem recordação de seus entes queridos lhes dando significado, os mortos ''adoecem'' e morrem em forma de poeira translucida. Essa cena em questão mostra um ancião ranzinza minutos antes de ''morrer de vez'' ouvindo pela última vez uma música que foi marcante na vida dele. (vale levar em conta que nessas zonas marginalizadas, todo mundo se diz parente de todo mundo, para tentar amenizar a dor da solidão de se viver esquecido).
Eu parabenizo a Pixar por ser tão caprichosa e atenta nos detalhes desse filme, mas o ponto mais chamativo dele sem dúvidas é a musical. Por se tratar de um filme com a primícia que possui e por já ser um filme de gênero musical produzido pela Disney/Pixar, a obra Viva - A Vida é uma Festa conta com diversas musicas fieis a sua nacionalidade; a música, o ritmo e as danças foram elementos mantidos e retratados com fidelidade.
Miguel minutos antes de sua tataravó morrer, canta a canção que Héctor escreveu para ela, uma cena emocionante e que serve para abrir os olhos do restante da família que estava observando a cena.
''Lembre de mim''
''Pois tenho que ir meu amor''
''Lembre de mim''
''Não chores por favor''
''Te levo em meu coração e em breve você vai ter''
''Sozinho irei cantar''
''Sonhando em retornar''
(Essa música não esta corretamente traduzida, mas mantem intacto seu sentido...a versão brasileira é modificada também).
E por fim, o filme se encerra com um time-skip de 1 ano; A Mamá Ines morreu, porem pode realizar seu sonho de se reencontrar com seu pai, Héctor. A família de Miguel perdoou o que aconteceu a tantos anos atrás e reconheceu a importância de Héctor não só como parte da família, mas como um grande músico e decidem abrir um ''museu'' em sua casa (foi como eu interpretei), e Miguel pode seguir carreira musical.
A família de Miguel viva.
Considerações Finais:
Embora eu não tenha atribuído o gênero comédia no filme, ele tem seus momentos de descontração e humor, ele usa bastante isso quando decide por exemplo homenagear personagens históricos marcantes do México, como por exemplo a Frida Kahlo ilustrada acima, um ícone histórico e marco na luta das mulheres na sua época; além dela, existem vários personagens (alguns em formato de Easter-Egg, então boa sorte para identificar todos) dentro da carreira artística, musical e teatral mexicana retratados como ''famosos'' no mundo dos mortos.
O filme carrega uma mensagem de amor, perdão e reconciliação com a família, e é bastante oportuno por se tratar de uma história sobre O Dia de los Muertos. As pessoas quando perdem alguém importante elas ficam desamparadas pela perda, morte sempre foi um tema pesado para ser retratado pelas mídias, mas esse filme fez com profissionalismo e humanidade; por mais que as pessoas que você ame tenham partido, você não deve ficar triste pelo adeus, mas deve ficar feliz por todos os bons momentos que passaram juntos, pois isso que é a vida, um compilado de coisas, recordações e eventos que ficaram imortalizados em nossas memórias, e saber que a pessoa que morreu foi especial para alguém é um tipo de ''sentimento mutuo'' que aquece os corações.
Espero que minha mensagem tenha sido boa; essa é uma homenagem para todos aqueles que foram queridos e que partiram, não necessito citar nomes, o ''Dia de Finados'' justifica esse meu ato.
Então é isso, espero que tenham gostado do artigo, Novembro esta ai e eu tenho muitos artigos para fazer, te espero novamente no próximo texto e é isso, caso tenham gostado me sigam no Twitter e no Facebook; caso seja novo, seja muito bem-vindo, eu não possuo uma frequência organizada para postar meus artigos, então de tempos em tempos eu falo sobre alguma coisa.
Até a próxima e tchau.
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